Crítica | A Colina Escarlate

     Se alguém achou que casa mal assombrada é um tema abatido no cinema, Guilhermo Del Toro desmente em ‘A Colina Escarlate’. Renomado por sempre criar um ambiente tenebroso, crível e fascinante assim como em ‘O Labirinto do Fauno’ aqui não é diferente. Novamente, Del Toro provou sua maestria na área da estética visual e mesclou diversos gêneros para compor esse novo projeto deslumbrantemente sinistro.                         

     A premissa é simples, a trama acompanha a jovem escritora Edith Cushing (Mia Wasikowska) para a vida adulta que envolve uma jornada pela escuridão. Após uma tragédia familiar, a escritora apaixonada por Thomas Sharpe (Tom Hiddleston), decide morar junto com o misterioso rapaz em uma sombria mansão localizada em uma região conhecida como colina escarlate. Lá mora também a irmã de Thomas, Lucille Sharpe (Jessica Chastain), uma mulher impiedosa e ambiciosa.        

     Visualmente espetacular Del Toro inovou ao criar um ambiente soturno e fantasmas únicos. Lidando bem a expectativa do público com ótimos enquadramentos, o terror é muito atraente lembrando grandes obras clássicas do gênero, porém ele tem poucos momentos e não é o objetivo da trama o susto e sim um clima assustador. Del Toro consegue incluir vários gêneros dando relevância a cada um deles durante os minutos, são eles o terror, romance, mistério, drama e o principal deles - fantasia. Porém não são todos que funcionam, infelizmente o cineasta não soube trabalhar um bom romance. 

     A primeira metade é marcado por um ritmo lento para propriamente conceber um melhor desenvolvimento da protagonista com tons charmosos e cores para compor a personagem. A partir daí, tudo se torna mais sombrio envolvendo os cinéfilos com o ambiente e uma trama misteriosa. Tudo é muito inteligente, com um figurino impecável, todos os personagens têm suas próprias cores e o cenário é um show à parte, ambos trazem um encanto a tela. A direção de arte é nota dez, é muito provável que os recursos técnicos desse filme estejam na disputa do Oscar 2016.

     Não é apenas no visual que o filme impressionou.  A trilha sonora tensa sempre posta na hora exata e as atuações também são levadas em consideração. Wasikowska carregou uma maior carga dramática, Tom Hiddleston apresenta uma maior simpatia e causa mistério a trama, ambos fizeram um bom trabalho, porém a química entre eles não foi a mesma.  Já Jessica Chastain está excelente com seus trejeitos dentro da fria Lucille. E a incontestável protagonista é certamente a mansão.             

     Por mais que o roteiro seja simples e o mistério seja claro ‘A Colina Escarlate’ é um verdadeiro entretenimento, é criativo, a cinematografia encanta e possui o toque autoral de um cineasta que identifica com o gênero. Del Toro trouxe as telas uma obra digna nessa sua característica predileção.

Nota: 4,5/5,0