32 anos depois, o que parecia impossível aconteceu. Uma das
maiores franquias do cinema ganha uma aguardada continuação. Star Wars – O
Despertar da Força segue os eventos pós O Retorno de Jedi, algo visto
brevemente em quadrinhos, livros e games. Coube a J.J. Abrams trazer de volta a
saga para as telonas, agora nas mãos dos estúdios Disney em parceria com a
Lucasfilm.
O diretor, que já havia rejuvenescido a franquia Star Trek,
conseguindo agradar os fãs maduros e apresentar para uma nova geração, repete o
mesmo êxito aqui. Star Wars – O Despertar da Força é uma boa viagem para um
universo fantástico, que foi desestruturado por George Lucas nos episódios I,
II e III. Abrams homenageia a trilogia clássica com easter eggs, conhecidas
citações, a presença daqueles personagens que aprendemos a amar nos quase 40
anos de franquia, mas não se esquece que este longa abre caminho para uma nova
trilogia.
A trama começa com um grande mistério: Por onde anda Luke
Skywalker? Enquanto a Resistência procura seu paradeiro, das cinzas do Império
nasce a Primeira Ordem, que também está na caça do último Jedi vivo. Durante
uma missão, o piloto Poe Dameron (Oscar Isaac) consegue um mapa que poderá ter
o paradeiro de Luke (Mark Hamill). Enquanto é atacado por troopers liderados
por Kylo Ren (Adam Driver), Poe esconde o mapa no pequeno droide BB-8, que
parte sozinho para sua missão secreta no deserto de Jakku. Lá, o droide
encontra a limpadora de sucata Rey (Daisy Ridley), que decide ajuda-lo,
enquanto seu caminho se cruza com o jovem Finn (John Boyega), um ex-storm
strooper que decide não seguir mais a Primeira Ordem.
Star Wars – O Despertar da Força tem muitas semelhanças com
Uma Nova Esperança e, acredito que não tenha sido acidental. Abrams mina os
eventos anteriores de Star Wars para aproveitar-se de elementos reconhecíveis
dos fãs de longa data e, transforma com êxito em algo novo. Os dois capítulos
mostram o surgimento de uma temida ameaça com uma arma letal e, a esperança
está nas mãos de um jovem. Rey representa Luke para esta nova geração. Enquanto
Obi Wan assumia a posição de mentor para Luke no passado, nesta nova aventura é
o experiente Han Solo (Harrison Ford) que explica a importância da Força e dos
Jedi para a garota. Daí, Rey percebe que seu destino está muito além de apenas
limpar e vender sucata.
A atriz Daisy Ridley representa com excelência o protagonismo
feminino. A figura de uma mulher independente que assume suas responsabilidades
e encarna com excelência o papel de heroína. Ela conquista um espaço central na
franquia e não decepciona. Ridley é a grande estrela da produção. Não existe
uma cena sequer em que a atriz não consiga atrair a atenção dado sua imponência
em tela.
Com uma grande sintonia com Ridley, o jovem John Boyega
representa mais do que um alívio cômico. Finn demonstra ser o parceiro ideal de
Rey e, juntos, desempenham as melhores cenas do longa. A sequência em Jakku,
que aproveita de ótimos efeitos práticos é deveras empolgante e, traduz o que
significa Star Wars.
Continuando com o novo elenco, uma pena que Oscar Isaac não tenha
tido mais destaque, já que Poe Dameron se apresenta como um importante
personagem, acreditando que deva ganhar mais relevância nos próximos episódios.
O mesmo vale para Adam Driver, que interpreta o vilão Kylo Ren. O personagem
carrega um grande peso emocional, tem um interessante pano de fundo a ser
abordado, mas também deve ficar para a próxima.
Este, na verdade, é o grande problema de Star Wars – O
Despertar da Força. O roteiro de Lawrence Kasdan (O Império Contra-Ataca)
sempre deixa para a próxima as dúvidas existentes neste filme. O filme se
aproveita de soluções apressadas e fazem personagens entrarem mudos e saírem
calados como a Capitã Phasma (Christie), que parecia ser uma importante vilã
durante a publicidade do filme.
O surgimento da Primeira Ordem não apresenta uma explicação
concreta. E além disso, como a Resistência e Luke não perceberam a chegada de
uma novaameaça? E de onde veio o Líder Supremo Snoke? Já que sua figura
demonstra ser alguém ancestral?
Além do mais, o despertar da força do título é rapidamente
introduzido, deixando a entender que seria fácil ser um Jedi nos tempos atuais.
No aspecto técnico, o mestre John Williams apresenta uma
trilha sonora tão proeminente como nos filmes anteriores, assim como design de
som e efeitos visuais, que aproveitam a mesma praticidade de outrora.
As sequências de ação estão incríveis, fazendo a Millennium
Falcon realizar manobras antes nunca vistas. Diferente da última trilogia que
tudo parecia um fundo verde com o abuso de CGI, Abrams e cia aproveitam
belíssimos cenários para as empolgantes sequências em Jakku e, utiliza de
maneira eficiente as cenas com efeitos visuais, de uma maneira estruturada.
Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força não decepciona
e atende as expectativas dos fãs. É o filme com todos os elementos que fazem
desta saga tão respeitada: Aventura, ação, a nostalgia de ver rostos conhecidos
e uma grande emoção em seu ato final. Abrams honrou com louvor o legado da saga
e construiu algo antes duvidoso em uma certeza: ainda há muitas incríveis
aventuras para acontecer nessa galáxia muito distante.
Nota: 5,0/5,0
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