Infelizmente, Vingadores: Era de Ultron não é melhor
que Os Vingadores: The Avengers,
entretanto, ele ainda sim é uma grande experiência. Sem pressa, a Marvel
expande seu Universo a cada novo filme, seguindo uma cronologia
pré-definida com o cuidado de conectar personagens e preparar um grande clímax
para o qual diversas histórias paralelas convergem. A ideia ambiciosa é manter
o público envolvido na saga das joias do infinito ainda por um bom tempo. O
problema é que a expectativa crescente pelo sempre adiado ápice pode acabar
ofuscando os desfechos individuais de cada filme. A não ser que o público entenda
esse universo cinematográfico como uma série. Por esse ângulo, “Vingadores: Era
de Ultron” não seria um grand finale
definitivo, mas sim um final de temporada. E que ótimo final de temporada!
Apesar das muitas referências a
filmes anteriores, o enredo é fechado e se resolve em pouco mais de duas horas
de projeção. O ponto de partida é uma missão residual – encontrar o cetro de Loki – após o
que a equipe pretendia se separar, não sem uma festa de despedida. Já nas
primeiras cenas vemos uma Feiticeira Escarlate ressentida e capaz de manipular mentes
cruzar o caminho dos heróis. E esse é justamente o ponto fundamental da trama.
A partir daí notamos que Tony Stark ainda carrega as cicatrizes psicológicas
decorrentes da invasão alienígena no final da temporada passada. Thor e Capitão América têm
a mente dividida entre o problema da vez e as missões de suas vidas. Hulk e Viúva Negra esboçam
um romance e enfrentam o dilema “bater ou correr”, enquanto o Gavião Arqueiro se
mostra o mais motivado do grupo, pronto a assumir seu protagonismo.
Já Nick Fury não tem
muito a oferecer à equipe, e o espectador mais atento à série sabe bem o
motivo. Dessa vez o supergrupo tem que se virar. Por sorte, recursos não faltam
ao Homem de Ferro. Aliás, sobram. E o inteligente, dedicado, bem-intencionado,
mas inconsequente ricaço faz o diabo com esses recursos. Literalmente, ou
quase.
O vilão Ultron é mesmo um
diabo irônico que cita a Bíblia enquanto busca destruir a humanidade - cheio de
sacadas, surpreende quem espera ver uma inteligência artificial carrancuda.
Além da personalidade interessante, herdada de seu criador, ele tem uma
supremacia “física” que torna sua ameaça mais concreta e, portanto, digna de
atenção. O que não altera o fato de o filme não conseguir passar a impressão de
que o mundo está realmente por um fio e de que o desenrolar dos acontecimentos
pode culminar em grandes reviravoltas no Universo Marvel. Falta perspectiva de implicações, de
consequências. E é esse justamente o ponto negativo da obra, compensado
tranquilamente pelas doses extravagantes de ação, pelos ótimos diálogos, pelo
carisma dos protagonistas e pela química entre eles. Sem contar a adição de
novos bons personagens, como Mercúrio, a já citada Feiticeira Escarlate e o Visão.
Na verdade, o roteiro dá sinais
de que é propositalmente contido. Ao invés de grandes acontecimentos e
revelações, optou-se por uma história voltada para os personagens. Ao invés de
definição de rumos, novas possibilidades. Agora há ainda mais caminhos
possíveis, uns mais óbvios, outros pouco prováveis, inclusive em direção ao
espaço. E isso é bom porque significa muita lenha para queimar. Não se pode
entregar tudo de uma vez mesmo. E nem é preciso quando se tem esses seis super-heróis
no mesmo plano, lutando ombro a ombro. O filme acerta por ter consciência de
si, de seu poder e de suas responsabilidades, por correr sem cansar e por
deixar a certeza de que o melhor ainda está por chegar.
Nota: 3,6/5,0
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