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sábado, 28 de março de 2015

Crítica ‘A Série Divergente: Insurgente’


Fica cada vez mais difícil distinguir essas sagas distópicas que estão enchendo as telas de cinema pelo mundo a fora. São tantas franquias baseadas na literatura voltada para jovens adultos, como ‘Jogos Vorazes’, ‘O Doador de Memórias’, ‘Divergente’, ‘Os Instrumentos Mortais’ e ‘Maze Runner’, entre outros, que podem até representar filmes distintos em qualidade e detalhes temáticos, mas é difícil negar que, em maior ou menor grau, todos buscam emular a série Harry Potter até mesmo no que tinha de pior: a irritante ideia de dividir o último livro em duas partes para explorar mais seu potencial nas bilheterias.


Em ‘Insurgente’, vemos que após o ataque a facção da Abnegação, que foi praticamente dizimada pelas ordens da líder da Erudição, Jeanine (personagem de Kate Winslet), vemos os protagonistas Tris (Shailene Woodley) e Quatro (Theo James), ao lado de seu irmão Calebe (Ansel Elgort) e do irritante Peter (Miles Teller) a partir do ponto onde o filme anterior terminou. Enquanto tentam de tudo para evitarem serem capturados, eles acabam encontrando uma líder revolucionaria (Naomi Watts), descobrindo que Jeanine está tentando de tudo para abrir uma misteriosa caixa que traz uma mensagem dos fundadores dessa civilização pós-apocalíptica – uma tarefa que, certamente, só pode ser executada por um divergente (hum... quem seria???).

Um colírio para os olhos, é o fato deste filme ser estrelado por Shailene Woodley, uma atriz carismática e competente, que é um grande consolo, mas que nem mesmo seu talento consegue ocultar um roteiro mau redigido, que só apresenta como Tris com seu conflito de culpa por ter presenciado a morte de seus amigos e parentes, mas ainda assim, Tris é um pouco mais complexa do que o aborrecido Quatro e o insosso Calebe. Quem destaca-se mais, é com certeza, a premiada Kate Winsley que surge constantemente fria e cruel mas que algumas vezes parece mais uma caricatura do que foi apresentada anteriormente – só mesmo quando Teller aparece como o pé-no-saco Peter que o filme parece ganhar um pouco mais de vida, já que, mesmo encarnando o tipo traiçoeiro que já esperávamos, o rapaz traz vitalidade às suas cenas.

E se o roteiro praticamente se limita a diálogos repletos de clichês sobre a “necessidade de se perdoar”, a direção frágil de Robert Schwentke mostra-se igualmente sem imaginação, concentrando-se em primeiros planos televisivos e demonstrando uma falta de cuidado assustadora com a lógica visual da narrativa – e depois de usar uma câmera área em plongé sobre uma floresta em uma sequência de sonho, o cineasta usa exatamente a mesma abordagem numa sequência que ocorre logo depois e é ambientada no mundo real, o que parece sugerir uma preguiça alarmante e mesmo pouco caso para com o espectador e o próprio projeto.

Porém falemos dos efeitos visuais que são bem construídos, especialmente nas simulações, dando mais agilidade a trama, entretanto, nada de impressionante. O 3D também não acrescenta nada a narrativa, nem a experiência estética, apenas deixando a tela mais escura em um filme que já tem uma fotografia bastante carregada e também para fazer você gastar mais dinheiro.

Em sua parte final, Insurgente nos deixa com mais dúvidas do que quando ele começa, exemplos disso, são quando (e não leiam o trecho a seguir se você não viu o filme ainda): por que os pais de Tris escondiam a tal caixa? Como o tal “experimento” funcionava? Como podia comprovar a importância dos divergentes? Por que os fundadores julgaram que aquele experimento teria alguma chance de funcionar – tanto ao dividirem a sociedade em cinco castas quanto ao apostarem tudo no surgimento de “divergentes”? E por que eles faziam testes para determinar a “vocação” de cada um se bastava apontar uma versão futurística de um “medidor de energia” para determinar não só a “classe” do cidadão, mas também a porcentagem de divergenzice nele contida? Espero, que essas perguntas sejam respondidas com o lançamento de ‘Convergente’, que como já disse, foi irritantemente dividido em duas partes.

Contudo, Insurgente pode até ser uma aventura divertida para quem busca um filme sem a pretensão de pensar muito sobre sua história, mas, depois dele, é difícil esperar alguma coisa das duas produções que concluirão a trama de Tris Prior (mais uma vez, um livro curto que se alongará em dois filmes).

Nota: 2,5/5,0

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