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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Crítica ‘O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos’


Nove anos depois de ‘O Retorno do Rei’ chegar aos cinemas, voltávamos à Terra-Média, pois outra obra de Tolkien ganhava vida nas telonas: O Hobbit. Novamente dirigido por Peter Jackson, que dirigiu a trilogia ‘O Senhor dos Anéis’, volta para contar a história de Bilbo Bolseiro (Ian Holm) o tio de Frodo Bolseiro (Elijah Wood) que conhecemos na trilogia anterior. Pra quem já leu essa história sabe que o livro o hobbit não é tão grande assim, porem o diretor optou por dividi-lo em três filmes (‘Uma Aventura Extraordinária’, ‘A Desolação de Smaug’ e ‘Lá de Volta e Outra Vez’ que depois passou a se chamar ‘A Batalha dos Cinco Exércitos’) confiando no sucesso da saga anterior para, segundo ele, dar mais fidelidade a história. O que acabou acarretando num alongamento exagerado ao enredo que ficou parecendo um chiclete esticado.



Em ‘Uma Aventura Extraordinária’ teve tudo que os fãs queriam, pois o filme tratou os personagens com o carinho e a infantilidade que o livro retrata, e não deixando de lado também elementos importantes para a história. Como já havia dito, muitos fãs reclamaram da divisão do livro em três filmes com medo de que o diretor “Enchesse muita linguiça” para alongar a história, mas isso não aconteceu, pelo menos, não no primeiro filme.


Em ‘A Desolação de Smaug’ continuamos seguindo as aventuras de Bilbo, Gandalf (Ian McKellen) e os 13 anões de Erebor (Thorin, Balin, Dwalin, Fili, Kili, Bofur, Bifur, Bombur, Gloin, Oin, Dori, Nori e Ori.) rumo a Montanha Solitária na busca de retomarem seu lar. Se em Uma Jornada Inesperada tínhamos orcs como principais inimigos, agora as coisas mudaram ou melhor esquentaram. Finalmente nos deparamos com o famoso e temido Smaug, um dragão imponente e ameaçador, que ganha ares aterrorizantes graças ao excelente trabalho de dublagem do ator Benedict Cumberbatch (Star Trek: Além da Escuridão).


Finalmente chegamos ao ápice dessa aventura, depois de dois anos após a Uma Aventura Extraordinária nos encontramos mais uma vez para presenciar o fim de mais uma trilogia vinda das histórias de Tolkien. ‘O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos’ chega aos cinemas encerrando por definitivo as aventuras da Terra-Média. Aqui somos logo levados a destruição da cidade do lago pelo dragão Smaug, depois que este foi acordado por Bilbo e os anões no filme anterior. Pois bem, esse deveria ter sido o final do segundo filme e não o começo deste. O que vemos ao assistir esse filme é que são duas histórias em um mesmo longa-metragem, o desfecho do dragão Smaug e logo depois as loucuras de Thorin e a batalha dos cinco exércitos. Não que eu esteja dizendo que o filme seja ruim, de forma alguma, o filme é bom, mas falha em alguns aspectos. Esse “chiclete” ficou tão esticado que o próprio Jackson não soube fazer a divisão correta de seus dois últimos filmes. É estranho um filme que termina sem um embate final, assim como esse embate abre outro filme, deixando uma colcha de retalhos no final do segundo capítulo e no começo do outro (como se fosse um seriado), já que as conclusões são óbvias. O embate entre Bard (Luke Evans) e Smaug é empolgante, porém logo ofuscado pela batalha iminente que se aproxima. Segue-se então a batalha pela Montanha de Erebor e suas riquezas, mostrando um Thorin (Richard Armitage) cego pelo poder e pela posse da Pedra Arken, que tem a mesma influencia destrutiva da alma e da mente que o Um Anel. Aliás, se foi dito que seria evitado qualquer comparação com a premiada trilogia que apresentou a Terra-Média, O Hobbit apresenta a "futura ameaça" que Sauron proporcionaria.


Porem essas passagens secundárias passam quase desapercebidas pela batalha principal e isso demonstra algumas falhas de roteiro, principalmente pelo enfoque em tramas paralelas que acrescentam pouca coisa  a história principal como a própria ameaça de Sauron, já que fundamentalmente, ela é irrelevante para designar os interesses do vilão Azog (Manu Bennett) e poderia ser apenas sugerido ao invés de criar todo um conflito dramático, tirando o tempo precioso de desenvolver melhor o personagem Gandalf, o Cinzento. Parece que o diretor queria explicar aos seus espectadores o que aconteceu com o vilão Sauron entre a primeira batalha ao acordar do anel, que é vista em A Sociedade do Anel. O filme inteiro perde tempo em tramas que não são concluídas devidamente, desenvolvendo seu protagonista-título muito pouco em relação a Uma Jornada Inesperada, deixando-o em segundo plano e perdendo também um pouco da infantilidade, inocência e deslumbre da história. Enfim o personagem que mais se destaca neste último filme é Thorin, que sempre carrega o ar mais sério e o seu embate dramático dá espaço para Armitage desenvolver de forma mais profunda o anão que busca de volta, o seu lugar ao trono.


Vemos então que a trilogia ‘O Hobbit’ de Peter Jackson é meio que uma sensação de nostalgia para com os espectadores que conheceram esse mundo em ‘O Senhor dos Anéis’. Sua maior carta na manga é apelar para o lado mais sentimental dos fãs tanto dos livros quanto dos filmes, e trazer aquele sentimento de estarmos lá. Como em momentos sutis do filme mostrando Gandalf consolando Bilbo com uma bem humorada baforada em seu cachimbo, nos aproxima dos personagens, mesmo com o aumento de falhas na estrutura e na narrativa e o modo melancólico como termina a trilogia, levando ao apaixonante início de A Sociedade do Anel, enfocando um velho mapa tolkieniano, só demonstra o carinho que Peter Jackson carrega que vai além do seu esforço no ofício, nos embalando ao som da belíssima ‘The Last Goodbye’ na voz de Billy Boyd. Enfim, não tem como não ficarmos tristes com esse final, pois talvez não veremos mais as planícies, vales, montanhas e o condado dos hobbits. Um último adeus a Terra-Média.

Obs! Se você puder assistir em 2D assista, pois o 3D acrescenta pouca coisa já que o filme foi não foi gravado e sim convertido para o formato tridimensional. Alem de ser mais barato, você conseguirá ver melhor o filme.

Nota: 4,5/5,0

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